Enquanto a maioria dos traders vê uma ordem no livro de ofertas como um simples comando de compra ou venda, poucos percebem que cada entrada desencadeia uma dinâmica oculta que define a liquidez, a velocidade e até a estabilidade do mercado. Por que, em qualquer exchange — seja de ações, Forex ou criptomoedas — a distinção entre quem adiciona e quem remove liquidez é tão crucial que determina não apenas quem paga taxa, mas quem molda o próprio preço? A resposta está em uma verdade pouco discutida: os mercados não funcionam por magia — funcionam por incentivos.

Este artigo revelará como o que são makers e takers vai muito além de uma classificação técnica — é um sistema econômico silencioso que regula a saúde do mercado, onde quem espera é recompensado, e quem age rápido paga por isso, e como dominar essa lógica pode transformar sua eficiência operacional.

Makers e takers são os dois papéis fundamentais que todo trader assume ao entrar em um mercado. O maker é quem coloca uma ordem no livro de ofertas — uma oferta de compra (bid) ou venda (ask) — que não é executada imediatamente. Ele adiciona liquidez ao mercado, tornando-o mais profundo e estável. O taker é quem executa uma ordem contra uma oferta já existente — ele remove liquidez, consumindo o que o maker ofereceu. Um trader em Zurique explica: “Quando coloco um pedido de compra abaixo do preço atual, estou esperando. Estou construindo o mercado. Quando alguém aceita, ele está tirando. Está usando o que eu criei.” Esse equilíbrio entre criação e consumo é o que mantém o sistema vivo.

Um erro comum é achar que ser maker é sempre melhor. Na realidade, depende do estilo de trading. Um scalper em Londres prefere ser taker: ele opera com alta frequência e precisa de execução imediata. “Se eu colocar ordem no livro, posso perder o movimento”, diz ele. Já um market maker institucional em Tóquio opera como maker 90% do tempo: ele ganha com o spread e com recompensas da exchange. “Não busco o movimento. Sou o movimento”, afirma. A escolha entre ser maker ou taker não é moral — é estratégica.

Além disso, muitos subestimam o impacto das taxas. Exchanges como Binance, Kraken e Coinbase cobram taxas diferentes para makers e takers. Geralmente, makers pagam menos — ou até recebem recompensa — enquanto takers pagam mais. Um trader em Istambul conta que, ao mudar sua estratégia para colocar ordens no livro, reduziu suas taxas em 70%. “Passei de custo para crédito”, diz ele. Esse detalhe, aparentemente técnico, pode ter efeito profundo no resultado final.

  • Makers são traders que colocam ordens no livro de ofertas, adicionando liquidez ao mercado.
  • Takers são traders que executam ordens contra ofertas existentes, removendo liquidez.
  • Makers geralmente pagam taxas mais baixas ou recebem recompensas por fornecer liquidez.
  • Takers pagam taxas mais altas por consumir liquidez de forma imediata.
  • A dinâmica entre makers e takers é essencial para a saúde, profundidade e estabilidade do mercado.

A história do que são makers e takers remonta às origens dos mercados financeiros. Nas bolsas físicas do século XIX, corretores gritavam ofertas no pregão. Quem gritava um preço estava criando uma oportunidade; quem aceitava, consumia. Esse sistema era caótico, mas funcionava porque havia incentivos implícitos: quem fornecia preço era respeitado; quem o aceitava, precisava agir rápido. Com a digitalização, esse equilíbrio foi formalizado. Em 1971, a NASDAQ introduziu o conceito de market makers — firmas que se comprometiam a manter ofertas de compra e venda. Esse modelo foi a base para o sistema moderno de makers e takers.

No Japão, um fundo de hedge opera como maker em ações de tecnologia. Ele coloca milhares de ordens por minuto, ajustando preços com base em algoritmos. “Não queremos executar. Queremos atrair execução”, diz um gestor. Esse modelo gera lucro com o spread e com incentivos da exchange, além de influenciar a formação de preço.

Na Alemanha, um trader individual usa ordens de limite para ser maker em pares de Forex. Ele coloca uma ordem de compra de EUR/USD alguns pips abaixo do preço atual. Se for executado, ganha o spread e paga menos taxa. “É como ser um pequeno banco”, afirma. Esse uso mostra que o papel de maker não é exclusivo de instituições.

Um exemplo revelador vem da Nigéria, onde um grupo de traders criou uma exchange local de criptomoedas. Eles implementaram um sistema de recompensa para makers, incentivando a liquidez. “Sem makers, o mercado morre. Sem takers, não há movimento”, diz um fundador. Esse entendimento primitivo do equilíbrio é o que sustenta qualquer mercado funcional.

Como Funciona a Dinâmica entre Makers e Takers

O processo começa com o livro de ofertas (order book), que exibe todas as ordens de compra e venda em tempo real. As ordens de compra (bids) aparecem abaixo do preço atual; as de venda (asks), acima. Um trader em Seul observa o livro antes de operar. “Se há muitos makers, o mercado é profundo. Se há muitos takers, é volátil”, diz ele. A leitura do livro é uma habilidade essencial para entender o fluxo de mercado.

Quando um trader coloca uma ordem de limite, ela entra no livro e se torna parte da liquidez. Se o preço chegar até ela, será executada. Esse trader é um maker. Um trader em Zurique coloca uma ordem de venda de Bitcoin a 60.000 dólares, enquanto o preço está em 59.500. “Estou oferecendo liquidez. Estou esperando”, afirma. Ele será recompensado pela exchange por isso.

Quando outro trader coloca uma ordem de mercado ou uma ordem de limite que cruza o spread, ele executa imediatamente contra uma oferta existente. Esse trader é um taker. Um operador em Londres compra Bitcoin a 59.500 dólares, consumindo a oferta mais baixa. “Preciso entrar agora. Não posso esperar”, diz ele. Ele paga uma taxa mais alta por essa imediatidade.

Essa dinâmica é contínua. Makers constroem o mercado; takers o movimentam. Quando há desequilíbrio — muitos takers comprando, por exemplo — o preço sobe rapidamente. Quando há muitos makers, o preço se estabiliza. “O mercado respira com essa troca”, afirma um analista em Cingapura. A saúde do mercado depende do equilíbrio entre os dois papéis.

Prós e Contras de Ser Maker ou Taker

Os benefícios de ser maker são claros: taxas mais baixas, recompensas em algumas exchanges, e influência na formação de preço. Um trader em Oslo afirma que, ao operar como maker, suas taxas líquidas são negativas — ele recebe dinheiro da exchange. “É como ser pago para esperar”, diz ele. Além disso, o controle sobre o preço de entrada é total.

No entanto, há riscos. A ordem pode não ser executada. Um trader em Istambul colocou uma ordem de compra de Ethereum a 3.000 dólares, mas o preço caiu para 2.800 e subiu. “Fiquei de fora do movimento”, afirma. A paciência é uma virtude, mas pode custar oportunidades.

Já os benefícios de ser taker são a execução imediata e a certeza de entrada. Um scalper em Tóquio precisa agir em milissegundos. “Se eu colocar ordem no livro, posso perder o pip”, diz ele. A imediatidade é essencial para estratégias de alta frequência.

Por outro lado, o custo é mais alto. Takers pagam taxas maiores, o que pode corroer o lucro em operações pequenas. Um trader em Melbourne calcula que, em um mês, pagou 15% a mais em taxas por ser taker. “Preciso ganhar mais só para compensar”, afirma. O preço da velocidade é alto.

CaracterísticaMakersTakers
FunçãoAdiciona liquidez ao mercadoRemove liquidez do mercado
TaxasMais baixas ou negativas (recompensa)Mais altas
ExecuçãoCondicional (ordem no livro)Imediata (ordem de mercado)
Controle de PreçoTotal (ordem de limite)Limited (preço de mercado)
RiscoNão ser executadoPagar mais por execução rápida
ExemploOrdem de limite no livroOrdem de mercado ou limite cruzando

Estratégias Baseadas em Maker e Taker

A estratégia de market making consiste em colocar ordens de compra e venda próximas ao preço atual, capturando o spread. Um algoritmo em Londres coloca ofertas de compra a 1 pip abaixo e de venda a 1 pip acima. Quando ambas são executadas, ele lucra 2 pips. “É como ser um caixa eletrônico humano”, diz um desenvolvedor. Esse modelo é lucrativo em mercados estáveis.

O scalping geralmente usa takers. O trader entra e sai rapidamente, aproveitando pequenas variações de preço. Um operador em Tóquio opera com ordens de mercado para garantir execução. “Se perder 10 milissegundos, perco o lucro”, afirma. A velocidade é prioridade, mesmo com taxas mais altas.

O arbitragem combina os dois papéis. Um trader em Zurique compra em uma exchange como taker e vende em outra como maker. Ele paga mais para entrar rápido e recebe recompensa ao sair. “O spread entre exchanges financia minha operação”, diz ele. A eficiência depende da sincronização entre os papéis.

Para swing trading, muitos traders preferem ser makers. Um investidor em Melbourne coloca uma ordem de compra de Bitcoin a um preço desejado. “Se for executado, ótimo. Se não, espero”, afirma. A paciência permite entrada mais favorável, com menor custo.

Como as Exchanges Incentivam Makers e Takers

As exchanges usam estruturas de taxas para equilibrar o mercado. Se há pouca liquidez, aumentam as recompensas para makers. Se há muitos takers, reduzem as taxas deles para atrair mais. Um gerente em Cingapura explica: “Queremos um mercado profundo e ativo. Controlamos isso com incentivos.” A política de taxas é uma forma de engenharia econômica.

Alguns exchanges oferecem programas de recompensa. A Binance paga em BNB aos makers que fornecem liquidez. A Kraken tem um sistema de pontos que reduz taxas com o volume. “É como milhagem de avião”, diz um trader em Istambul. Esses programas fidelizam traders ativos.

Além disso, exchanges de criptomoedas criaram market makers oficiais — firmas contratadas para manter liquidez em pares novos. Um projeto em Seul pagou a uma firma para operar como maker em seu token durante os primeiros meses. “Sem isso, o mercado seria ilíquido e volátil”, afirma um fundador. Esse suporte inicial é vital para novos ativos.

No entanto, há riscos regulatórios. Algumas exchanges foram acusadas de manipulação de volume com market makers falsos. Um caso em Tóquio revelou que 70% das ordens em um par eram de bots da própria exchange. “Liquidez artificial é perigosa”, diz um regulador. A transparência é essencial para confiança.

O Futuro de Makers e Takers em Mercados Digitais

O futuro do que são makers e takers será definido pela tecnologia. Algoritmos já dominam o papel de maker em mercados tradicionais. Em criptomoedas, bots executam 80% das ordens de limite. Um projeto em Zurique testa IA para prever quando ser maker é vantajoso. “A máquina aprende com o livro de ofertas”, diz um desenvolvedor. A automação aumentará a eficiência, mas também a complexidade.

Além disso, a descentralização muda a dinâmica. Em exchanges descentralizadas (DEXs), como Uniswap, não há livro de ofertas tradicional. Liquidez é fornecida por pools, e quem adiciona é recompensado com taxas. “O maker virou provedor de liquidez”, afirma um entusiasta. O conceito evolui, mas a essência permanece: quem fornece, é recompensado.

No fim, o que são makers e takers não é apenas uma classificação — é uma metáfora do mercado. Representa o equilíbrio entre paciência e ação, entre construção e consumo. Quem entende isso não opera por impulso — opera com propósito. E nessa dança invisível, o verdadeiro poder está não em mover o mercado, mas em saber quando construí-lo.

Perguntas Frequentes

O que são makers e takers e qual a diferença?

Makers são traders que colocam ordens no livro de ofertas, adicionando liquidez. Takers são traders que executam ordens contra ofertas existentes, removendo liquidez. A diferença está em quem cria e quem consome a oportunidade de negociação.

Por que makers pagam menos taxas que takers?

Porque adicionam liquidez ao mercado, tornando-o mais estável e profundo. As exchanges os recompensam para incentivar esse comportamento. Takers pagam mais por consumir liquidez de forma imediata, o que é mais custoso para o sistema.

É melhor ser maker ou taker?

Depende da estratégia. Makers têm menor custo e maior controle, mas risco de não ser executado. Takers têm execução imediata, mas pagam mais. Scalpers preferem takers; market makers, makers. O ideal é entender ambos e escolher conforme o contexto.

Posso ser os dois ao mesmo tempo?

Sim. Em operações diferentes, um trader pode ser maker em uma e taker na outra. Alguns algoritmos alternam entre os papéis com base no mercado. A flexibilidade é uma vantagem estratégica.

Makers e takers existem em exchanges descentralizadas?

Sim, mas com outro nome. Em DEXs, quem fornece liquidez é o “provedor de liquidez” (equivalente ao maker) e quem negocia contra o pool é o taker. A dinâmica de incentivo permanece: quem fornece é recompensado com taxas de negociação.

Henrique Lenz
Henrique Lenz
Economista e trader veterano especializado em ativos digitais, forex e derivativos. Com mais de 12 anos de experiência, compartilha análises e estratégias práticas para traders que levam o mercado a sério.

Atualizado em: outubro 13, 2025

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